sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Boa Morte e Cafundó entram em novo banco de nomes do IBGE


    Banco de dados contém grafia recomendada de 50 mil nomes geográficos.
Vai-com-Jeito, Canafístula e Terra da Morte são denominações incluídas.
Rosanne D'AgostinoDo G1, em São Paulo

    O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) lança nesta sexta-feira (23) um banco de dados com 50 mil nomes geográficos do país, como lugarejos, vilas, cidades, rios, montanhas, acidentes geográficos, com o objetivo de tentar padronizar a grafia desses locais. Entre eles, o instituto listou nomes exóticos, que agora fazem parte de uma base de informações, que deve ser alimentada até o final de 2012.
    Durante o projeto, os pesquisadores encontraram dezenas de curiosidades pelo país, e os nomes já estão no banco. É o caso de Boa Morte, um povoado em Minas Gerais, que tem um concorrente no Amazonas, o lugarejo Terra da Morte.
    Para o IBGE, o povoado é uma localidade mais populosa do que um lugarejo, que é mais afastado, com menos edificações e estrutura, embora ambos não sejam considerados cidades.
'Bom boa-mortense'
    Boa Morte é considerado um arraial pelo município de Belo Vale, do qual faz parte. Para os moradores do agora povoado catalogado, é uma terra natal. "Sou um bom boa-mortense, se preferir, defunto", afirma Itamar Fernandes Monteiro, 45, natural do arraial, ainda que a origem não conste em seus documentos. No registro civil, ele é natural de Belo Vale, onde atualmente é secretário da Fazenda da prefeitura.
    Monteiro tem sua própria teoria sobre a origem do nome. Segundo ele, uma expedição bandeirante liderada por Fernão Dias Pais Leme teria chegado ao local em busca de esmeraldas, e um filho bastardo do bandeirante teria comandado um levante contra o pai. "Ao ordenar a morte, Fernão disse: 'Tenha uma boa morte'", sorri. "A primeira parte é verdade, o resto é inventado por mim, mas seria até interessante uma pesquisa para a gente saber. Mas morre-se muito bem lá, ninguém reclama”, brinca.
      Segundo o IBGE, ainda não há informações específicas sobre o número de habitantes do arraial. Isso porque o Censo leva em conta apenas os municípios. Em 2010, Belo Vale possuía 7.536 habitantes. Já a história do povoado ainda deve ser incluída, na próxima fase de alimentação do banco.
Cafundó, Vaivém, Vai-quem-quer
     Cafundó nomeia duas localidades, um lugarejo na Bahia e outro no Piauí. Tocantins tem uma Lagoa do Cafundó.
    O Rio Vaivém, em Goiás, é parecido com o Ribeirão Vai-e-Vem, em São Paulo, com grafias diferentes. O Rio Grande do Sul, por sua vez, tem um curso d’água chamado Saco do Cocoruto. Já Vai-Quem-Quer e Vai-com-Jeito são nomes de lugarejos no Amazonas, e Vai-Volta, o de uma vila em MG.
    Como vilas, que o instituto considera como sedes de distritos, Canafístula é a denominação de duas: em Alagoas e no Ceará. E também é o nome de um povoado no Maranhão. A Bahia também tem uma vila de nome curioso: Cacha-Pregos.
Padronização
     O banco tem como objetivo a busca da padronização do nome das cidades. Conforme o grupo de pesquisa responsável, a cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), por exemplo, se escreve com “y”, ao passo que São João Del Rei (MG), com “i”. Segundo o IBGE, quando uma legislação do local define a forma da escrita, ela é a base de fundamentação do instituto para escolher a grafia.
Segundo o instituto, além dos nomes, o banco traz também informações sobre limites territoriais, coordenadas, e ainda, aspectos históricos, como a origem de determinados nomes. Por enquanto, são 50 mil nomes catalogados, mas o banco pode ser acessado pelo endereço:http://www.bngb.gov.br, deve ser alimentado até o final de 2012.
São Francisco batiza 127 cidades, como Amparo de São Francisco (SE), São Francisco do Conde (BA) e Barra de São Francisco (ES). Santa Maria são 118: Santa Maria do Oeste (PR), Santa Maria da Boa Vista (PE) e Santa Maria da Vitória (BA).
O banco faz parte do Projeto Nomes Geográficos do Brasil, implantado pela Coordenação de Cartografia (CCAR) da Diretoria de Geociências (DGC) do IBGE em fevereiro de 2005. Segundo os pesquisadores, o banco, além de servir de referência, constitui um patrimônio antropológico, já que os nomes estão diretamente relacionados à identidade do indivíduo. Sem o nome e local de nascimento, não há registro civil do cidadão.

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