Banco de dados contém grafia
recomendada de 50 mil nomes geográficos.
Vai-com-Jeito, Canafístula e Terra da Morte são denominações incluídas.
Rosanne
D'AgostinoDo G1, em São Paulo
O
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) lança nesta sexta-feira
(23) um banco de dados com 50 mil nomes geográficos do país, como lugarejos,
vilas, cidades, rios, montanhas, acidentes geográficos, com o objetivo de
tentar padronizar a grafia desses locais. Entre eles, o instituto listou nomes
exóticos, que agora fazem parte de uma base de informações, que deve ser
alimentada até o final de 2012.
Durante
o projeto, os pesquisadores encontraram dezenas de curiosidades pelo país, e os
nomes já estão no banco. É o caso de Boa Morte, um povoado em Minas Gerais, que
tem um concorrente no Amazonas, o lugarejo Terra da Morte.
Para
o IBGE, o povoado é uma localidade mais populosa do que um lugarejo, que é mais
afastado, com menos edificações e estrutura, embora ambos não sejam considerados
cidades.
'Bom boa-mortense'
Boa Morte é considerado um arraial pelo município de Belo Vale, do qual faz
parte. Para os moradores do agora povoado catalogado, é uma terra natal.
"Sou um bom boa-mortense, se preferir, defunto", afirma Itamar
Fernandes Monteiro, 45, natural do arraial, ainda que a origem não conste em
seus documentos. No registro civil, ele é natural de Belo Vale, onde atualmente
é secretário da Fazenda da prefeitura.
Monteiro
tem sua própria teoria sobre a origem do nome. Segundo ele, uma expedição
bandeirante liderada por Fernão Dias Pais Leme teria chegado ao local em busca
de esmeraldas, e um filho bastardo do bandeirante teria comandado um levante
contra o pai. "Ao ordenar a morte, Fernão disse: 'Tenha uma boa
morte'", sorri. "A primeira parte é verdade, o resto é inventado por
mim, mas seria até interessante uma pesquisa para a gente saber. Mas morre-se
muito bem lá, ninguém reclama”, brinca.
Segundo
o IBGE, ainda não há informações específicas sobre o número de habitantes do
arraial. Isso porque o Censo leva em conta apenas os municípios. Em 2010, Belo
Vale possuía 7.536 habitantes. Já a história do povoado ainda deve ser
incluída, na próxima fase de alimentação do banco.
Cafundó, Vaivém, Vai-quem-quer
Cafundó nomeia duas localidades, um lugarejo na Bahia e outro no Piauí.
Tocantins tem uma Lagoa do Cafundó.
O
Rio Vaivém, em Goiás, é parecido com o Ribeirão Vai-e-Vem, em São Paulo, com
grafias diferentes. O Rio Grande do Sul, por sua vez, tem um curso d’água
chamado Saco do Cocoruto. Já Vai-Quem-Quer e Vai-com-Jeito são nomes de
lugarejos no Amazonas, e Vai-Volta, o de uma vila em MG.
Como
vilas, que o instituto considera como sedes de distritos, Canafístula é a
denominação de duas: em Alagoas e no Ceará. E também é o nome de um povoado no
Maranhão. A Bahia também tem uma vila de nome curioso: Cacha-Pregos.
Padronização
O banco tem como objetivo a busca da padronização do nome das cidades. Conforme
o grupo de pesquisa responsável, a cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), por
exemplo, se escreve com “y”, ao passo que São João Del Rei (MG), com “i”.
Segundo o IBGE, quando uma legislação do local define a forma da escrita, ela é
a base de fundamentação do instituto para escolher a grafia.
Segundo
o instituto, além dos nomes, o banco traz também informações sobre limites
territoriais, coordenadas, e ainda, aspectos históricos, como a origem de
determinados nomes. Por enquanto, são 50 mil nomes catalogados, mas o banco
pode ser acessado pelo endereço:http://www.bngb.gov.br,
deve ser alimentado até o final de 2012.
São
Francisco batiza 127 cidades, como Amparo de São Francisco (SE), São Francisco
do Conde (BA) e Barra de São Francisco (ES). Santa Maria são 118: Santa Maria
do Oeste (PR), Santa Maria da Boa Vista (PE) e Santa Maria da Vitória (BA).
O
banco faz parte do Projeto Nomes Geográficos do Brasil, implantado pela
Coordenação de Cartografia (CCAR) da Diretoria de Geociências (DGC) do IBGE em
fevereiro de 2005. Segundo os pesquisadores, o banco, além de servir de
referência, constitui um patrimônio antropológico, já que os nomes estão
diretamente relacionados à identidade do indivíduo. Sem o nome e local de
nascimento, não há registro civil do cidadão.
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